06 outubro 2011

O campeonismo no Desafio da Mobilidade

"Todos meus amigos são campeões em tudo" (e meus inimigos também: citação minha) é uma forma mais poética de traduzir a "Lei de Gerson". A primeira frase é de Fernando Pessoa. A segunda, é de uma propaganda de cigarros. Ambas levam ao mesmo comportamento inverso a qualquer tentativa de cidadania. Em geral, são os que furam fila, os que precisam ser atendidos primeiro num balcão de loja, os que querem sair primeiro de um carro do metrô (ou entrar). São mil exemplos. E existem a rodo em qualquer transporte público. Nestes locais são maioria, visto que envolve de imediato o conceito de "competição". Não são as exceções. Vou citar alguns exemplos:
  • os que já se levantam em ônibus vazio um ou dois pontos antes, se posicionando na porta pra descer.
  • na hora de um carro de metrô abrir as portas, os que já querem entrar sem antes esperar os passageiros descerem.
  • na chegada no ponto final, todos aqueles que não cedem passagem a um passageiro sentado próximo à porta. Se ele não forçar passagem, será o último a descer.
  • Todas as regiões próximas às portas são marcadas nas plataformas do metrô. Mesmo assim, sempre há aqueles que param ao lado do local marcado, e se esgueiram na abertura das portas, forçando passagem pela lateral. Esse é o comportamento mais irritante.
Hoje conversava com uma amiga minha italiana sobre isso. Levantamos hipóteses baseadas no comportamento latinoamericano de ser. Num próximo post aprofundo o tema.
Mas não pense vc, incauto motorista, que vc é melhor. Basta perguntar: quantas vezes você cede passagem para algum carro saindo de um estacionamento, ou vindo de uma esquina? Ou a um taxi partindo após pegar um passageiro? Ou ainda passar por um farol "quase" mudando pro vermelho? Pois é - pode-se sempre argumentar: "puxa, não vi!" Mas no fundo no fundo, ninguém quer ver nada mesmo exceto aquilo que está mais próximo a seu nariz, ou seja, a si próprio. Um mundo competente - competir - competição. Ou vc é exceção?

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